Agora há pouco, em Ipanema, uma cega encontrava seu caminho batendo a bengala na grade de um prédio. Ao virar a esquina, encontrou uma outra bengala, de um cego que estava ali pedindo dinheiro. Ele se assustou:
– Opa!
Ela disse:
– Desculpa, não te vi aí…
E ele respondeu:
– Eu também não.
Os dois caíram na gargalhada.

Fofo, né?

Fiquei tão tocado, pensando na cena que acabara de presenciar, que nem vi quando tropecei na bengala de outro cego, que saía do banco a algumas quadras dali, e caí no chão.

A moral da história? Falta de senso de humor e falta de atenção são piores que qualquer “deficiência”.

Posições sociais para praticar sozinho, com seu parceiro ou em grupos maiores.

Exposição na Araka Arte
15 fev 2012
00 Cozinha Contemporânea
Gávea – Rio de Janeiro

Fila

Briga

Timidez

Fofoca

Encontro

O som da rádio alemã ressoa em uma sala grande, com pé direito alto e luz alaranjada, que vem de algumas luzes de natal penduradas na parede e uma lareira cujo fogo estala no canto da sala, ou no centro (admito que tô com preguiça de ser detalhista pra fingir profundidade, vocês podem botar a lareira onde quiserem, ou até tirarem, o importante é a iluminação ser alaranjada, com o chão de madeira e aquele clima de inverno). Divaguei…

Na rádio, um trecho de clássicos natalinos, de Mariah Carey a Noite Feliz, mas a única que você reconhece é “Last christmas, I gave you my heart…”

Deixe a música te tocar enquanto o post continua (e, se tiver uma lareira no seu quarto, acenda!).

Acaba o anúncio da programação especial de Natal (que você estava ouvindo e vai continuar a ouvir até ficar de noite – apesar de já estar escuro lá fora, às 15h). Começa uma reportagem.

Como explicar para uma criança que ela não vai ganhar um trator de verdade neste natal? Quando que um presente é muito grande?

, indaga uma voz feminina. A sonora de um homem vem para dar a resposta, mas antes precisamos imaginar que homem é este (eu, que já ouvi a voz, sei quem ele é e vou descrever pra vocês). O homem é um Bauarbeiter, que em alemão significa operário. Na Alemanha ser operário é tão digno quanto ser advogado, médico, padeiro. Portanto, ele é operário (marceneiro) e também preside uma associação na pequena aldeia onde mora, nos arredores de Berlim. Alguma associação relativa a crianças (na Alemanha tem associação pra tudo, com certeza existe uma de “assuntos relacionados a brinquedos infantis feitos de madeira”, da qual ele é membro fundador e atual presidente). Na aldeia, isso tem lá seu status. Como bom entendedor das necessidades de um pequeno alemão de seus 3-5 anos de idade que virá a ser um construtor e que, desde já, brinca com brinquedos que você, mesmo se fizesse engenharia, jamais iria conseguir manusear,… ai, frase muito longa, eu me confundo… Vamos tentar de novo: conhecendo a necessidade da criança alemã e ciente do dilema de um pai que quer estimular a mente operária do filho, mas que não pode lhe dar um trator neste natal (seja por motivos financeiros ou pelo bom senso, porque, afinal, podemos estar na Alemanha, mas até aqui seria bizarro uma criança de 6 anos dirigir um trator), este operário e presidente da Associação, com voz pesada, mas bem articulado, responde à pergunta da locutora (que eu vou repetir agora porque depois de tantos parênteses e divagações, vocês podem já ter esquecido):

Como explicar para uma criança que ela não vai ganhar um trator de verdade neste natal? Quando que um presente é muito grande?

Eis a resposta, caso vocês estejam curiosos: “É necessário que os pais conversem com a criança, que digam que um trator como o que ele vê no campo é um instrumento de trabalho dos adultos e que, mesmo que ele queira pilotar um agora, ele não pode. Mas ele pode brincar com tratores e outras máquinas de brinquedo. O importante é conversar com seu filho, não mentir, que ele vai entender”.

Ouve-se a vinheta da rádio. Você está ouvindo: Programação Especial de Natal. Voltamos já!

E agora, as principais notícias da região de Brandenburgo: uma filmagem revelou uma agressão na estação de metrô Friedrichstraße. Um jovem acertou a cabeça de outro com uma garrafa e depois aparece dançando e comemorando o feito.

Até tem como não amar a Alemanha, mas eu amo mesmo assim.

Andando numa rua escura, você consulta um mapa um tanto quanto confuso. Finalmente, quando entende onde está, anda até a terceira rua, onde deve virar à direita. Alguns minutos depois de virar à direita, você não avista sua casa. Pelo mapa, ela não deveria estar tão distante. Você pára, tomado pelo pensamento “putz, vim pro lado errado, com certeza!”. Dá dez passos na direção contrária à que estava indo, até chegar a um poste de luz. Consulta o mapa novamente, e vê que está no lugar certo, sua casa deve estar logo ali na frente. Satisfeito, sorri, retoma a caminhada e diz para si mesmo “há! eu não erro nunca”.

Se estivesse mais atento, entretanto, veria que, ao hesitar, acabara de errar.

O funk carioca é uma das mais legítimas manifestações culturais da nossa cidade. É tão típico do Rio quanto o Pão-de-Açúcar, o sotaque puxado nosx pluraisx e a bossa nova.
Criminalizar o funk e generalizar o caráter ou a inteligência de quem ouve e faz funk é típico de mentes pequenas e preconceituosas.
Mas o funk é maior que isso, e mostrou ontem na Carioca que o Rio precisa mais do funk do que o funk precisa do Rio.

Pra documentar a grandeza do funk, o espaço de uma tela também é pequeno. Dê PLAY nos dois vídeos ao mesmo tempo para melhor visualização!

Ontem, na praia do Leblon, realizei a Microexposição Minorias. Fotos de grupos que ainda sofrem preconceito hoje em dia foram expostas no meio-fio da Av. Delfim Moreira, para traduzir a ideia de que em vez de reconhecermos a beleza e o valor destes grupos, nos reservamos a tratá-los sem o devido respeito.

Quem seria louco o suficiente para expôr uma obra de arte em um meio-fio? Com isso, o visitante também tem que se abaixar para ver as fotos. Confira abaixo alguns momentos da microexposição.

A exposição
Ajoelhou, tem que visitar
Uma paisagem carioca
Milhares de pessoas passaram pela exposição, muitas delas bem rápido, inclusive.
Travestis
Gay
Favela
Agradecimento especial à Clara Medeiros
Microvisitantes observam a microexposição (que, para elas, era somente ~exposição~)